17 razões por que esta época é boa para se viver.
“O mundo nunca foi um lugar tão bom de se viver”, diz o escritor científico Matt Ridley, “e não para de melhorar”.
Hoje, num mundo ‘as voltas com a crise econômica global e atormentado por pobreza, doença e guerra, suas palavras são combatidas por alguns setores. Os críticos o chamaram de “negacionista” e o acusaram de brincar levianamente com a verdade pelas sua opiniões sobre a mudança climática e o livre mercado.
Mas Ridley, 54 anos, cuja obra mais recente é O otimista racional, defende suas
convicções. “Não é insano acreditar num futuro feliz para o ser humano no planeta”, diz ele. Ridley, que já foi correspondente estrangeiro, zoólogo, economista e financista, dá amplidão ao seu otimismo. “Há quem diga que sou maluco de afirmar que o mundo continuará melhorando, mas não consigo evitar”, comenta. Veja como ele defende a sua posição. Gênio ou louco?
convicções. “Não é insano acreditar num futuro feliz para o ser humano no planeta”, diz ele. Ridley, que já foi correspondente estrangeiro, zoólogo, economista e financista, dá amplidão ao seu otimismo. “Há quem diga que sou maluco de afirmar que o mundo continuará melhorando, mas não consigo evitar”, comenta. Veja como ele defende a sua posição. Gênio ou louco?
Você decide.
Em comparação a 50 anos atrás, quando eu tinha apenas 4 anos, o ser humano em média ganha quase três vezes mais (descontada a inflação), come um terço de calorias a mais, sepulta dois terços a menos de crianças e pode ter esperanças de viver um terço a mais. Na verdade, é difícil encontrar alguma região do mundo que esteja hoje em situação pior do que naquela época, mesmo que a população global tenha mais do que dobrado desde então.
Os moradores da cidade ocupam menos espaço, gastam menos energia e causam menos impacto sobre os ecossistemas naturais do que os moradores do campo. Hoje, as cidades do mundo abrigam mais da metade dos habitantes do planeta, mas utilizam menos de 3% da área terrestre.
O crescimento urbano pode desagradar aos ambientalistas, mas morar no campo não é a maneira mais eficiente de cuidar da Terra. O melhor que podemos fazer pelo planeta é construir mais arranha-céus.
Os ricos ficam mais ricos, mas os pobres estão ainda melhor. Entre 1980 e 2000, os pobres dobraram seu consumo. Os chineses são dez vezes mais ricos e vivem cerca de 25 anos mais do que há 50 anos. Os nigerianos são duas vezes mais ricos e vivem nove anos mais. O percentual mundial de pessoas que vivem na miséria absoluta caiu para menos da metade. As Nações Unidas estimam que, nos últimos 50 anos, a pobreza se reduziu mais do que nos 500 anos anteriores.
Uma razão para sermos mais ricos, mais saudáveis, mais altos, mais inteligentes, mais livres e vivermos mais do que nunca é que as quatro necessidades humanas mais básicas – comida, roupa, combustível e abrigo – ficaram muito mais baratas. Vejamos um exemplo: em 1800, uma vela que fornecia uma hora de luz custava seis horas de trabalho. Na década de 1880, a mesma luz de um lampião de querosene custava 15 minutos de trabalho. Em 1950, oito segundos. Hoje, meio segundo. Nesses termos, estamos em situação 43.200 vezes melhor do que em 1800.
Nos Estados Unidos, o ar, rios, lagos e mares estão ficando mais limpos. Hoje um carro na velocidade máxima emite menos poluição do que um carro parado, mas com vazamento, em 1970.
Mesmo levando em conta os muitos indivíduos que ainda vivem na miséria absoluta, nossa geração tem acesso a mais calorias, watts, potência, gigabytes, mega-hertz, metros quadrados, milhas aéreas, alimentos por hectare, quilômetros por litro e, é claro, dinheiro do que todas as anteriores. Isso continuará enquanto usarmos esses itens para fazermos outras coisas. Quanto mais nos especializarmos e movimentarmos recursos, melhor ficaremos.
Ás 9 horas, usei um barbeador americano, comi pão francês com manteiga da Nova Zelândia e geleia espanhola, fiz um chá do Sri Lanka, vesti roupas de algodão indiano e lã australiana, calcei sapatos de couro chinês e borracha da Malásia e li um jornal impresso em papel finlandês com tinta chinesa. Consumi frações minúsculas do trabalho produtivo de centenas de pessoas. Essa é a mágica do comércio e da especialização. Autossuficiência é pobreza.
Enquanto a população mundial aumentava mais de quatro vezes desde 1900, outras coisas também aumentaram: a área cultivada, em 30%; as safras, em 600%. Ao mesmo tempo, como os agricultores deixaram os campos para morarem nas cidades, mais de 800 milhões de hectares de floresta tropical “secundarista” estão surgindo e essas áreas já são ricas em biodiversidade. Na verdade, farei uma previsão escandalosa: durante este século, o mundo se alimentará com padrão cada vez mais alto sem arar nenhuma terra nova.
Há quem defenda que no passado havia simplicidade, tranquilidade, sociabilidade e espiritualidade que hoje se perderam. Essa notalgia cor-de-rosa costuma se restringir aos ricos. É mais fácil louvar a vida dos pioneiros quando não se precisa usar uma latrina no quintal. A maior experiência de voltar ao estilo hippie de vida no campo é chamada hoje de Idade das Trevas.
Embora a população mundial esteja crescendo, a taxa do aumento vem caindo há 50 anos. No mundo inteiro, a taxa de natalidade dos países é menor do que em 1960, e caiu mais ou menos pela metade nos países menos desenvolvidos. Isso está acontecendo apesar de as pessoas viverem mais e de haver redução na taxa de mortalidade infantil. De acordo uma estimativa das Nações Unidas, a população começará a diminuir depois de chegar ao ponto máximo de 9,2 bilhões de habitantes, em 2075 – há portanto, uma enorme probabilidade de alimentar o mundo para sempre. Afinal, já há 7 bilhões de pessoas na Terra, que estão comendo melhor a cada década.
Em 1970, a reserva de petróleo no mundo era de 550 bilhões de barris. Nos 20 anos que se seguiram, o mundo usou 600 bilhões.
Assim, em 1990 as reservas já deveriam ter sido superadas em 50 bilhões de barris. Mas chegavam a 900 bilhões, sem contar xisto e areias betuminosas que, juntos, contém cerca de vinte vezes mais do que as reservas comprovadas da Árabia Saudita. Petróleo, carvão e gás são finitos, mas durarão décadas, talvez séculos, e acharemos alternativas muito antes que eles se acabem.
Esta geração vivenciou mais paz, liberdade, lazer, educação, medicina e viagens do que todas na história. Mas adora se lamentar. Os consumidores não valorizam seu maravilhoso campo de opções e, segundo os psicólogos, sentem-se “superexpostos”.
Quando vou ao supermercado local, não vejo ninguém sofrendo por impossibilidade de escolher. Vejo gente escolhendo.
De jeito nenhum. Embora o clima tenha se alterado de leve no último século, a incidência de furacões e ciclones caiu. Compara á década de 1920, a taxa anual de mortes por desastres naturais ligadas ao clima em todo o planeta (isto é, a proporção da população mundial que morreu e não o número absoluto) se reduziu em espantosos 99%.
O poder fatal dos furacões depende mais da riqueza do que da velocidade do vento. Em 2007, um grande furacão atingiu a península de Yucatán, no México, que estava bem preparada, e não matou ninguém. No ano seguinte, uma tempestade semelhante atingiu a empobrecida Mianmá e matou 200 mil pessoas. As melhores defesas contra desastres são prosperidade e liberdade.
Quanto mais prosperamos, mais podemos prosperar. Quanto mais inventamos, mais invenções se tornam possíveis. O mundo das coisas costuma estar submetido á redução da lucratividade. O mundo das ideias, não. A troca de ideias cada vez maior provoca o ritmo cada vez mais intenso da inovação no mundo moderno. Não há sequer a possibilidade teórica de exaurir o nosso suprimento de ideias, descobertas e invenções.
Quem diz que o mundo continuará melhorando é considerado louco. Quem diz que a catástrofe é iminente pode ganhar o Prêmio Nobel da Paz. As livrarias estão abarrotadas de pessimismo; os meios de comunicação, entulhados de perdição. Não consigo me lembrar de nenhuma época em que não me dissessem que o mundo só sobreviveria se abandonasse o crescimento econômico. Mas o mundo não continuará a ser como é. A raça humana se tornou uma máquina de resolver problemas e os resolve mudando a forma de agir. O verdadeiro perigo é retardar a mudança.
A grande depressão da década de 1930 foi apenas uma pedrinha no caminho ascendente do padrão da vida da humanidade. Em 1939, até os Estados Unidos e a Alemanha – os países mais afetados – estavam mais ricos do que em 1930. Durante a depressão, surgiram vários tipos de indústrias e de produtos novos. Assim, o crescimento voltará, a menos que impelido por políticas erradas. Alguém em algum lugar está aperfeiçoando um programa de computador, testando um material novo ou recombinando o gene que tornará a vida mais fácil ou mais divertida.
Durante 200 anos, os pessimistas ocuparam todas as manchetes, embora na maior parte dos casos os otimistas estivessem certos. Há muito interesse investido na promoção do pessimismo. Nenhuma instituição de caridade consegue dinheiro se disser que a situação está melhorando. Nenhum jornalista consegue um furo de reportagem sobre a redução da probalidade de desastres. Os grupos de pressão e seus clientes nos meios de comunicação buscam sinais de ruína até nas estatísticas mais promissoras. Não se deixe intimidar: ouse ser otimista!
Matt Ridley
Entrevista extraída da revista Seleções READER'S DIGEST junho de 2012 pg.128
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