terça-feira

Bia, de Beatriz.

Uma Crônica

Periferia pobre, onde apostadores de uma sorte que não chega sonham sonhos que nascem, e morrem ao nascer. Onde castelos se desmoronam enquanto princesas ainda sonham.
Bia tinha 13 anos quando foi trabalhar numa casa do norte pra ajudar a família que vivia com dificuldades. Ganhava uma tutaméia, mas ajudava!
Pai e mãe separados, irmãos pequenos loucos pra crescerem e ajudar, sonhos!
Bia era uma menina linda! Bem vestida passaria por princesa, mas era pobre, uma linda menina pobre a quem a puberdade emprestava uma perigosa beleza.
Cresceu demais!
As roupas não conseguiram acompanhar seu crescimento, os vestidos ficaram curtos, chamava muita atenção, ela percebeu e, começou a desfilar, e a sonhar com mais intensidade seu sonho de um dia ser modelo.
A freguesia aumentou, perigosamente pra Bia, mas vantajoso pra casa!
Sem saber que ainda não era seu momento, ela desfilava diante dos olhares de cobiça de uma platéia próxima do descontrole.
PAra Bia, o que importava era seu futuro, vivia uma espera por ele, alimentada pelos olhares daqueles súditos que brindavam por seu sonho e cobiçavam seu corpo.
Mas isto foi há muito tempo!
Lembrei-me agora porque encontrei a Bia um dia destes, foi difícil reconhecer, ainda mais que estava com as crianças, duas meninas, uma no colo e outra “maiorzinha” segurando sua mão.
Tava feia!
As meninas eram bonitas, Bia me falou que o sonho da “maiorzinha” era ser modelo.
Despedi-me com o coração triste! Olhei uma ultima vez o seu rosto e não pude deixar de pensar:
_Nossa, como ela ficou feia!

Nenhum comentário:

Postar um comentário